Estou me sentindo mal, Pequena. São 4:27, estou em um carro indo pra B arra do Corda e você acordou há meia hora enquanto eu esperava o táxi para a rodoviária. Sua tia Day não conseguiu te acalmar porque hoje, assim como nos últimos dias, você está muito angustiada por mim e para mamar, talvez num pico do que chamam de "ansiedade de separação". Não quis leitinho, não quis sua tia e ficou pedindo "colinho da mamãe". A cada choro e lamento seu eu respirava fundo para me acalmar. Eu por fim apareci e comecei a te amamentar porque o taxista não chegava e decidi te levar até a rodoviária comigo. Quando abrimos a porta, uma cena surreal: o taxista estava dormindo em frente a casa da sua avó, talvez há pelo menos meia hora. Te devolvi pra sua tia, dei um beijinho, peguei minhas coisas e fui. Você ficou chorando e seu rosto perfeito era uma pintura de tristeza. Inconsolável você. Inconsoláveis nós. Agora já é de manhã, minha filha. Soube que quando você me viu sair ficou
08:42, manhã de segunda-feira. Hoje vai ser nosso primeiro dia longe uma da outra desde que você nasceu. Seu pai está no plantão dele e deve estar quase chegando por aí. A tia Dayane dormiu com você no seu quarto na casa da vovó Alice. Eu saí de madrugada, antes de 04:00. Quis muito abrir a porta e te olhar Aurora, mas fiquei com medo de perturbar seu sono. Ia ser muita ruim te deixar chorando. Como será que passou a noite? Acordou assustada (às vezes você acorda chorando repentinamente, como se estivesse em um sonho ruim)? Dormiu até 06:00 direto? Choramingou um pouco durante a noite, e sua tia teve que te abraçar? Estou pensando em você. Já já chego no trabalho e estou louca pra te ver. Deus, deixe minha filha segura. Deus, me traga em segurança de volta pra ela. Amo você, Aurora.